16 de dezembro de 2008

A explicação da vida

I
Glorifiquei-te no eterno.
Eterno dentro de mim
fora de mim perecível.
Para que desses um sentido
a uma sede indefinível.

Para que desses um nome
à exactidão do instante
do fruto que cai na terra
sempre perpendicular
à humidade onde fica.

E o que acontece durante
na rapidez da descida
é a explicação da vida.


(Natália Correia)


O que acontece durante... na rapidez da descida... é a explicação da vida...
(É engraçado, estranho... sim, estranho é a palavra. Escrevo isto de adenda ao que escrevi aí em cima... hoje é dia 16 de Dezembro... ontem lembrei-me que hoje ia ser dia 16 de Dezembro, mas hoje amanheci sem me lembrar e foi sem me lembrar que fiz este post. Escolhi este poema por gostar muito dele e por me fazer sentir bem... achei que era bom pôr uma foto, para compor aqui a coisa e escolhi esta... fez-me lembrar um salto para o mar e aquela sensação que temos na barriga... ou um salto no infinito, no obscuro, quando nos apaixonamos... e agora, de repente, dei conta que hoje é dia 16 de Dezembro e a imagem faz outro sentido... o nosso subconsciente tem destas coisas estranhas... muito estranhas... faz hoje 12 anos que a Prof.ª Paula, professora de Português do 10º e 11º anos... faz hoje 12 anos que ela se suicidou... como? Desceu directamente do 5º andar onde vivia... foi a 1ª pessoa que eu vi morta e ainda hoje a vejo quando fecho os olhos... eu queria, qualquer dia, esquecer-me deste dia... consciente e inconscientemente... mas nem o subconsciente ajuda...)

12 comentários:

Rony disse...

Amei, não conhecia.
Já li alguma prosa e também poesia de Natália Correia, foi uma mulher com M grande, uma autêntica força da natureza, um furacão, como se costuma dizer, a vida dela dava um filme.

Ianita disse...

O meu primeiro contacto com ela, a sério, foi através de um livro que me emprestaste "A ilha de Circe" e que, agora que falo nisso, eu acho que ainda não te devolvi... Ups! :)

Tinha um colega de "Mitologia Greco-Romana" que tinha convivido com ela. Ele contava muitas histórias nas aulas e eu adorava. Fiquei a conhecer o lado divertido e com sentido de humor. :)

Kisses

Brigitte disse...

Tu tens sempre uns optimos textos para se ler.
Obrigado por isso.
beijos
:)

Ianita disse...

Os textos não são meus... Antes fossem!! :)

Kisses (e obrigada!)

Lita disse...

O poema é lindo e eu não conhecia.
A história é muito triste, mas com a alusão ao poema deixa no ar uma (in)compreensão estranha... :) é a palavra!

Ianita disse...

É que não era nada disto que eu queria... eu não escolhi este poema e esta imagem tendo como objectivo nada disto...

De repente olhei... percebi que dia era hoje e fiquei pasmada... o meu subconsciente fez-me lembrar... fez-me escolher palavras que fazem sentido... fez-me escolher esta imagem...

E não estou triste... era uma pessoa querida, mas não era assim tão próxima. Sei a data porque me marcou a vida de forma indelével...

Hoje o que sinto não é tristeza, mas espanto... por as coisas fazerem sentido, mesmo eu não me lembrando...

Credo... que arrepio espinha abaixo!! Isto é a modos que assustador.....

Kisses

u João disse...

Olá Ana! Sinto uma especial predileção pela Natália Correia enquanto mulher e poetisa, gostei de mais do poema.
Preferia que recordasses a tua professora viva, em vez de morta.Nunca morremos qd ficamos no coração de alguém :)

Ianita disse...

Esta é a pessoa da situação que discuti contigo no teu blog... é incontornável e marcante... mudou para sempre a minha vida. Infelizmente mudou-me com a sua morte e não com a sua vida...

Kisses

bono_poetry disse...

...sao de facto descidas impressionantes...mas vou fugir a descida dela para te falar de outra...o salto que mostras na foto e uma sensacao unica de liberdade...eu ate ja saltei de paraquedas e sem ele e nao e mau de todo...mas mergulhar no mar da ponta mais alta e uma unica sensacao...antes de entrares na agua tu voas e sentes os primeiros pingos antes do embate...incrivel mesmo!!!tambem ja fiz umas viagens como a natalia declama...e ela da o processo da indefinicao do momento que e a vida de forma mais indefinivel que porfia ao sentir nas palavras escritas...ela e rocha ela e amor...ela e chuva ela e sede...ela mata para dar vida...ela devora ao partilhar...puta de vida quao bela es...!!!gostei do post!!!beijo!!!

Ianita disse...

Era com essa acepção que eu via o poema e foi com isso em mente que escolhi a foto!

Esse arrepio na barriga... o descontrolo total... a sensação de liberdade... o salto físico e emocional... quando nos apaixonamos é como se dessemos um salto destes, sem rede, sem protecção... e é nestes momentos que reside a essência da vida... nesta sensação... neste aperto... nesta liberdade...

Kisses

Gabriela disse...

16 de Dezembro... Acho que nenhum de nós nunca se vai esquecer daquele dia. Eu tenho-o gravado na minha mente ao mais pequeno promenor e ainda no outro dia falava isso com outra aluna da prof. Paula que me disse exactamente o mesmo. Estranho como uma pessoa que esteve tão pouco tempo na nossa vida pode deixar uma marca tão profunda... Mas a verdade é que naquele dia alguma coisa mudou, embora eu não saiba bem explicar porquê... beijinhos, adoradora do Natal, eu sinto exactamente a mesma coisa acerca desta época :)

Ianita disse...

Pois... estivemos lá, unidos pela dor, pela perda, pelo espanto, pela perplexidade... a tentar entender, a tentar encontrar sentido no que não tem sentido...

Foi um dia que deixou marcas profundas em todos nós... principalmente depois de momentos tão bons passados em Santiago de Compostela... lembras-te? Foi graças a ela que fomos e foi tão bom...

Kisses aqui da adoradora do Natal :)