1 de outubro de 2009

Ele... (II)

Penso que fiz o que tinha que fazer. Gosto muito de ti. Amo-te. Mas a minha vida não me pertence. A minha vida é do meu país. Há coisas mais importantes na vida que o amor. Pelo menos do que este amor carnal que sinto por ti. Este amor é egoísta. Vivê-lo seria abandonar todos os que acreditam em mim... Deixar ficar mal a memória do meu pai. Deixar ficar mal todos os que me seguem.

O que eu queria era poder ficar aqui. Aqui contigo, minha Elissa. Aqui contigo sempre. No teu país, na tua casa, com a tua gente. Aqui onde o Sol brilha. Aqui onde o Deserto é rei e senhor.

Nestes meses que passei contigo aprendi a amar este teu mundo. Aprendi a amar-te. Sem reservas. Sem pudor. Sentir que me queres... sentir que me queres é fantástico. Mas não posso.

Quero, mas não posso. Tenho de seguir viagem. Seguir o rumo que traçaram para mim.

A despedida foi difícil. Tu não entendes. Não me entendes. Achas que o amor vale tudo. Achas que só o amor importa. Achas que se deve viver um amor como o nosso sempre. Dizes que te menti... nunca te menti! Talvez não te tenha dito tudo... talvez devesse ter dito logo quem era. Um príncipe, com deveres... sem direito a viver um amor. Só com o direito de servir o seu povo. A profecia.

Assim sou eu. Um homem ao serviço de uma profecia. Não sou dono do meu querer, da minha vontade, do meu coração, da minha vida... não tenho o direito de sentir. Não te disse isto logo e devia. Quis iludir-me. Quis pensar que seria possível. E foi tão fácil deixar-me envolver por ti, meu amor.

Meu amor. Meu amor. Meu amor. És e serás o meu amor. Também não to disse. Que és o meu amor. Mas tu sabes, não sabes? És o meu amor. Serás sempre o meu amor. Mesmo que tenha de casar com uma princesa qualquer. Sim... eu sei que és rainha. Mas contigo eu não posso casar... não contigo.

Disse-te que ia pensar... e deixei-te. Não suportaria voltar a ver-te. Voltar a ver a desilusão nos teus olhos. Voltar a ver as tuas lágrimas. Vou embora. Para sempre.

Adeus meu amor. Com o tempo vais entender. Vais ver que o meu destino era mais forte que a minha vontade. Vive uma vida feliz, meu amor. Porque eu deixo de viver aqui. Agora. Deixo a minha vida contigo. Adeus.


6 comentários:

Rony disse...

Muito bom, para variar! Venham mais :)

Ianita disse...

VG: amanhã :)

bono_poetry disse...

O amor e uma constante que atrapalha a maioria,e quando assim e...

Dina Domingues disse...

chamar-lhe-ia covarde, mas também lhe podem chamar amor :P

im disse...

Lá está como em todas as grandes histórias de amor não pode haver um final feliz...é do caraças...

Temos um desafio para ti no Paraíso do Inferno...aparece por lá!!!

Beijos

Ianita disse...

bono: mas o amor à pátria e à família também são importantes, ou não? Ele escolheu o bem maior em deterimento do amor carnal... na mesma situação, sei bem o que escolheria...

dina: acho-a mais cobarde a ela... que decide pela morte. Ele é corajoso... porque escolhe o bem maior... porque escolhe os outros em deterimento de si mesmo. Há muitos tipos de amor.... e este acaba sempre mal :)

im: para os senhores escritores clássicos, este tipo de amor é egoísta, egocêntrico e, por isso, não pode ter um final feliz... eles defendiam o amor terno, sereno, feito de companheirismo e respeito. O amor à pátria e à família... e um homem capaz de deixar tudo por uma mulher, ou uma mulher disposta a deixar tudo por um homem, teria sempre que acabar mal!

Já espreito :) Kisses