13 de abril de 2009

Cavalo à solta




Cavalo à solta

Minha laranja amarga e doce
meu poema
feito de gomos de saudade
minha pena
pesada e leve
secreta e pura
minha passagem para o breve breve
instante da loucura.

Minha ousadia
meu galope
minha rédea
meu potro doido
minha chama
minha réstia
de luz intensa
de voz aberta
minha denúncia do que pensa
do que sente a gente certa.

Em ti respiro
em ti eu provo
por ti consigo
esta força que de novo
em ti persigo
em ti percorro
cavalo à solta
pela margem do teu corpo.

Minha alegria
minha amargura
minha coragem de correr contra a ternura.

Por isso digo
canção castigo
amêndoa travo corpo alma amante amigo
por isso canto
por isso digo
alpendre casa cama arca do meu trigo.

Meu desafio
minha aventura
minha coragem de correr contra a ternura.



José Carlos Ary dos Santos

9 comentários:

izzie disse...

Anita: Ary?
Esta letra?
As memórias?
Tu deves-me querer matar do coração, ou será de saudades? ;)
Matreira...

Beijo,

Rice Man disse...

Muito bom. :) Ainda no outro dia (por acaso) vi algumas músicas de Festivais da Canção passados e disse para comigo "É uma pena já não se fazerem canções assim.".

Ianita disse...

Izzie: hey!! Eu não tenho culpa!! Nenhuma! :)

Mr. Rice: é mesmo. Grandes melodias e letras fantásticas :)

Vera Angélico disse...

Este é, talvez, um dos meus poemas preferidos do Ary dos Santos.

ADOROOOO!!!

Li disse...

Andas muito festivaleira hoje, já vi...:)
Esta é mais uma música muito boa que o festival apresentou, em tempos...pena que já não se façam músicas assim...

bjitos

Ianita disse...

Vera: eu gosto da "Tourada". Basicamente por ser um poema fortíssimo de oposição ao Regime e que ainda assim ganhou o festival. Os senhores do lápis azul eram burros!! :)

Kisses

Ianita disse...

Lilipat: e esta música ficou em 3º lugar... eram mesmo outros tempos.

KIsses

Fenix disse...

1971..., tinha 6 aninhos eu e vivia do outro lado do mundo..., numa terra que julgava minha, num mundo que julgava perfeito e eterno...
Quem diria que tudo se esfumaria menos de 6 anos depois...

A música é bonita e o poema também, mas gosto mais da Tourada..., mais forte.

Beijinhos

Ianita disse...

Fénix: Adoro a Tourada. Gosto que tenha passado na censura :) (eram parvinhos os senhores).

E tens razão. Tudo muda. Na maioria das vezes contra nossa vontade, mas mudam. Temos de o aceitar e fazer o melhor disso.

Beijinhos!