4 de agosto de 2011

O medo

Quem dorme à noite comigo?
É meu segredo, é meu segredo!
Mas se insistirem, desdigo.
O medo mora comigo,
Mas só o medo, mas só o medo!

E cedo, porque me embala
Num vaivém de solidão,
É com silêncio que fala,
Com voz de móvel que estala
E nos perturba a razão.

Que farei quando, deitado,
Fitando o espaço vazio,
Grita no espaço fitado
Que está dormindo a meu lado,
Lázaro e frio?

Gritar? Quem pode salvar-me
Do que está dentro de mim?
Gostava até de matar-me.
Mas eu sei que ele há-de esperar-me
Ao pé da ponte do fim.

2 comentários:

Vera Angélico disse...

E eu ontem senti impotência na pele. E medo. Muito medo. Medo do que podia vir, do que seria. Como seria. Não soube o que te dizer, porque não te queria mentir. Mas tive a certeza... já vivemos tanta coisa, que nada nos derruba. E temos atitude. Tu estás rodeada de pessoas que te amam. E que, como tu estás, estão para ti. Nunca tenhas dúvidas.

Beijos.

(Amanhã a noite sabe ainda melhor)!

Nuno Martins disse...

Som único, soberbo, fantástico. Confesso que não conhecia este fado, até o ouvir pelos Hoje. Curiosamente, comecei a ouvir as musicas todas deste projecto na voz da Amália e o resultado é arrepiante. Obrigado pela partilha.
NM