Estou na Covilhã rodeada de pessoas que gostam de mim.
Amanhã volto para casa onde me esperam duas gatinhas que gostam de mim e que me sentem a falta. Tenho saudades delas.
A verdade continua a ser a mesma... por mais longe que fujamos, os nossos problemas fogem connosco. Que problemas? Sinceramente, nem tão pouco me vou queixar. Tudo se resolve.
O que hoje, a estas horas, me fez despejar aqui estas palavras foi... nem sei eu bem o que foi... ou sei... não desejo mal a ninguém, mas custava fazer crescer uma verruga na ponta do nariz a alguém que nos fez mal? Por que é que as pessoas más têm de ser tão felizes? Ou pelo menos, tão mais felizes que eu?
Sou egoísta. Eu sei. Nem sequer o tento negar. Mas... uma pessoa passa anos a tentar curar-se dos estragos e as pessoas pavoneiam-se sem qualquer rasgo de arrependimento... sem qualquer castigo... impunes... como se fosse tudo mentira... como se o passado nunca tivesse acontecido.
Mas as pessoas acontecem. A vida acontece. Acontecemo-nos uns aos outros. E não podemos agir como se não tivéssemos consequência. E eu gosto de pensar que o bem atrai coisas boas... mas e se não atrair?
E se afinal é só isto? É isto?
Há pouco tempo disseram-me que eu assustava as pessoas. Há uns tempos largos houve quem me dissesse que eu sou demasiado intensa. Podia agora manter o discurso de que cada um é como é and so on. Na família já se brinca... o mano é simplex e eu sou complex. E sou. Mesmo com terapia. Mesmo com tratamentos. Mesmo tendo melhorado muito... sou. Sempre a ver problemas onde não os há. Sempre a querer ser a melhor em tudo. Ter sempre razão. Ter todas as certezas do mundo.
Mas o mundo não tem certezas para mim. E na mentira de viver a vida a cada dia, continuo escondida na procura de certezas que não existem. E assim nada se vive. Nada se conquista. Nada.
Não fico zangada com a felicidade alheia. Mas há algumas felicidades que ainda não me deixam feliz. Nem sei se algum dia deixarão.
E ironia das ironias... a senhora "tem a certeza de tudo", a dona de todas as verdades, a defensora de todos os riscos... permanece sozinha, no escuro, sem conseguir saltar para a linha. E afinal esta pessoa que assusta os outros vive no medo das certezas e das verdades... no medo de ser só isto... e de não conseguir fazer nada no pouco "isto" a que cada um de nós tem direito.
Amanhã volto à minha realidade. De coração cheio. Cheia de filosofias, mas com uma única certeza. Nada nunca vai mudar. Eu nunca vou mudar.
4 comentários:
Honestamente gostaria de poder dizer que não sei do que falas, gostaria de poder não sentir o que escreveste mas entendo-te demasiado bem para o poder afirmar…
Apenas não concordo com a tua certeza final se quiseres tu mudas o “problema” é que, por vezes, custa muito querermos realmente e não só dizer que queremos ;)
Beijinhos,
FATifer
Um beijinho. Nós gostamos de ti. ;)
É curioso: toda essa indefinição, esse mal estar, essa falta de objectivos (ou não), tudo isso já eu senti há anos. Não há receitas para sair desse labirinto - melhor, há uma - que passa por voltar ao mais básico: em que a felicidade passa pelo que sou, pelo que tenho, pelo que faço; nunca ser feliz condicionalmente: "Eu só sou feliz se tiver X...", porque quando se tiver X (e às vezes tem-se) a infelicidade mantém e passa pela aquisição de outro Y. Também acreditar que tudo terá uma solução (como, quando, não sabemos) ajuda muito.
Peço desculpa se esta "filosofia" a maçou se a fez perder o seu tempo.
Foi um momento de desabafo. De querer que quem me fez mal sofresse.
Mas não sou menina de condicionar a minha vida aos outros. Muito menos aos outros de quem não gosto.
E a filosofia nunca me maça :)
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