23 de junho de 2008

Das palavras e outros demónios

É estranho… É estranho perceber, quase aos 30 anos, que as pessoas não se entendem. As palavras são ambíguas. Não conseguimos dizer o que queremos e geram-se mal-entendidos. Outras vezes, conseguimos dizer exactamente o que queremos, mas somos mal-entendidos da mesma forma.

Muitas pessoas não sabem usar as palavras. Não sabem construir frases e argumentos e então recorrem ao grito e/ou ao insulto. O meu pai parece achar que, ao gritar, dá mais força ao argumento que está a defender. As discussões dele não passam do repetir do mesmo argumento, mas sempre e cada vez mais alto.

Eu sempre gostei de discutir. Gosto da luta de palavras. Cada uma das partes a tentar elaborar o melhor argumento de forma a deixar a outra parte rendida, sem palavras. Admito. Dá-me gozo, dá-me pica. Nunca me chateei com ninguém depois de uma discussão (talvez com o meu pai…). Nunca levei a mal que os outros pensassem de forma diferente. Nunca me feriu saber que alguém não concorda comigo. Aliás, admiro as pessoas com personalidade, com opiniões. Com a Manuela, costumamos concordar que discordamos. :)



Não consigo conviver durante muito tempo com aquelas pessoas que mudam de opinião como quem muda de roupa-interior, ao sabor do vento e dos namorados/as.



Nos exames nacionais de 12º ano, pede-se aos alunos que redijam textos argumentativos. Porquê? Porque é uma óptima forma de mostrar que sabem escrever um texto bem estruturado e consistente. E provam (ou não) que têm conhecimentos sobre a matéria em discussão. Não se espera que, no texto de exame, o aluno desate à pancada à outra parte, porque discordam. Pode usar insultos, mas o texto é desconsiderado. Deveria ser assim na vida cá fora. Haver um árbitro que medeia os conflitos, que desconsidera a parte que use da força física ou do insulto. Porque as palavras ferem mais que punhais. Só luto com quem sabe usar as regras de respeito pelo adversário. Pessoal que dá um tiro pelas costas, que usa de má-fé e que não olha a meios para atingir os seus fins, não obrigada!

Umas pessoas, por timidez ou inépcia, não sabem o que dizer em determinadas situações. Entendo. Normalmente até as tenho rotuladas. A sério. Eu acho que sei o que esperar de cada pessoa que me rodeia. Acho que, pelo somar de atitudes e palavras, ao longo do tempo, consigo perceber como a pessoa é por dentro. Não sei, como é óbvio! E, naqueles momentos difíceis, há sempre quem me surpreenda. Pela negativa. Pessoas de quem eu esperava um telefonema ou uma mensagem. Uma palavra. Um “estou contigo!”. E nada. O telefone não toca.
Outras pessoas, daquelas normalmente de poucas palavras, daquelas que até achávamos que não queriam saber de nós para nada… essas telefonam. Essas mandam mensagens. Essas voltam a telefonar no dia seguinte e no outro. Pessoas que me entendem mais do que eu esperava. Que percebem quando algo está mal aqui no Reino de Ianita…

Espero que ao longo do tempo possa ser sempre assim. Por cada desilusão, uma boa surpresa. Ninguém substitui ninguém, mas pelo menos não fico totalmente desesperançada da espécie humana. Dá-me força… O abraço que queria consegui dá-lo ontem, mais ou menos. Agora é esperar… Já eu, só vou ao médico amanhã. Por isso, quero todas as vossas boas energias viradas para mim. OK? A todos os que ouviram as minhas lágrimas, os que aturaram a minha neura, um muito obrigada. Foi importante. Não. Perdoem-me. Foi fundamental! As vossas palavras não foram equívocas. O vosso olhar, a vossa preocupação foram sentidos, mesmo a km de distância. Não o vou esquecer.

3 comentários:

fitipaldi disse...

pois é assim que acontece,acredito que a maior parte das vezes por inépcia pois o dom da palavra para mim é uma arte e "se é arte não é pra todos e se é para todos não é arte".Quanto ao levantar a voz para dar força ao argumento é clara uma confusão de intensidade que me faz sempre lembrar o esforço de falar uma língua que não se domina(principalmente o espanhol e o françês)compensando as carências linguísticascom o elevar da voz e o sotaque julgado adequado.aqui,tal como na discussâo,caso o outro não perceba(o que sempre aconteçe)a culpa é dele.lembro me muitas vezes deste paralelismo,o que me faz esboçar um sorriso que por norma em nada atenua a discussão,mas quando isso acontece para mim a discussão ja acabou ha muito

fitipaldi disse...

soube agora da tua consulta,sei que vai correr tudo bem,ligo te amanha so para te dizer "eu bem te disse que ia correr tudo bem!"

Ianita disse...

Obrigada! Estou só um bocado ansiosa... mas s n estivesse, n era Ianita :)