Hoje

(isto sou eu, à excepção do bicho na cabeça!)

Hoje acordei a modos que assim... sem vontade nenhuma de me levantar... sem vontade de sair do conforto dos meus dois edredons e dois cobertores... sem vontade de me despir para vestir outra roupa que não o pijama... sem vontade de ir para a rua... sem vontade de vir trabalhar...

Depois de um fim-de-semana daqueles bem caseiros... Quando no Sábado só tirei o pijama para tomar banho e vestir outro pijama :). Tenho colegas que detestam estes fins-de-semana grandes porque não têm dinheiro para irem para fora e ficam deprimidas se ficam em casa. Eu não tenho dinheiro, mas nestes fins-de-semana adoro estar em casa! No Sábado trovejou e relampaguejou tanto! Que bom ter ficado a ver TV debaixo de um edredon e não ter de pôr o nariz na rua! No Domingo montei a árvore de Natal e só saí de casa porque a minha sobrinha ia estar a dar autógrafos na Expo Salão e eu, tia babada, lá fui! :)

Descobri que não fui feita para trabalhar. Epah... não fui. Quer dizer... eu até gosto de trabalhar, mas desde que não seja de manhã e não esteja frio e a chover. E quando está muito calor também não porque uma pessoa fica com pena de não estar na praia e também não rende. Pronto... trabalhar nas tardes amenas de Primavera e Outono. Era um trabalho destes para mim, se faz favor!

Nada feito? TRETAS! Estou cheia de sono e de frio e cansada! Quero ir para casa dormir!!!

O que há em mim é sobretudo cansaço

Não disto nem daquilo,

Nem sequer de tudo ou de nada:

Cansaço assim mesmo, ele mesmo,

Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,

As paixões violentas por coisa nenhuma,

Os amores intensos por o suposto alguém.

Essas coisas todas -

Essas e o que faz falta nelas eternamente -;

Tudo isso faz um cansaço,

Este cansaço,

Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,

Há sem dúvida quem deseje o impossível,

Há sem dúvida quem não queira nada -

Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:

Porque eu amo infinitamente o finito,

Porque eu desejo impossivelmente o possível,

Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,

Ou até se não puder ser...

E o resultado?

Para eles a vida vivida ou sonhada,

Para eles o sonho sonhado ou vivido,

Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...

Para mim só um grande, um profundo,

E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,

Um supremíssimo cansaço.

Íssimo, íssimo. íssimo,

Cansaço...

(Álvaro de Campos)