20 de março de 2009

As palavras

As palavras

São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

Eugénio de Andrade

8 comentários:

Brigitte disse...

Lindo!!!
Bom fim de semana
:)

Mag disse...

Excelente gosto!
Obrigado :)

Li disse...

Com as palavras conseguimos fazer o melhor e o pior...temos de saber usá-las...:)

Lindo poema...

bjs

Lita disse...

Sempre achei que as palavras constroem e destroem... e cada vez acredito mais nisso. O que fazemos com as palavras é de uma enorme responsabilidade.
Beijos.

Ianita disse...

Lita: precisamente...

Não é à toa que os poetas usavam a palavra na luta pelo que acreditavam. Temos de ter consciência do bom e do mau que podemos fazer... e agir com responsabilidade. Ao encontro do que dizias hoje...

Beijos!

Ianita disse...

Brigitte: Bom fim-de-semana! :)

Mag: Eugénio de Andrade é sempre uma boa escolha ;)

Lilipat: era tão bom que as pessoas percebessem isso... construir em vez de destruir.

Beijo a todas

Rony disse...

Sim, as palavras têm um poder enorme, as ditas e as não ditas, as que guardamos para nós, as que alimentam a nossa maneira de ser.

Ianita disse...

Verónica: os silêncios conseguem gritar tão alto que ensurdecem...

Kiss