As palavras
São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?
Eugénio de Andrade
8 comentários:
Lindo!!!
Bom fim de semana
:)
Excelente gosto!
Obrigado :)
Com as palavras conseguimos fazer o melhor e o pior...temos de saber usá-las...:)
Lindo poema...
bjs
Sempre achei que as palavras constroem e destroem... e cada vez acredito mais nisso. O que fazemos com as palavras é de uma enorme responsabilidade.
Beijos.
Lita: precisamente...
Não é à toa que os poetas usavam a palavra na luta pelo que acreditavam. Temos de ter consciência do bom e do mau que podemos fazer... e agir com responsabilidade. Ao encontro do que dizias hoje...
Beijos!
Brigitte: Bom fim-de-semana! :)
Mag: Eugénio de Andrade é sempre uma boa escolha ;)
Lilipat: era tão bom que as pessoas percebessem isso... construir em vez de destruir.
Beijo a todas
Sim, as palavras têm um poder enorme, as ditas e as não ditas, as que guardamos para nós, as que alimentam a nossa maneira de ser.
Verónica: os silêncios conseguem gritar tão alto que ensurdecem...
Kiss
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