19 de abril de 2009

Control




Controlo. É difícil termos o controlo total sobre tudo. Há alturas em que achamos que o temos. Controlamos as palavras, os actos, quase controlamos os pensamentos. Até que acordamos um dia a percebemos que o controlo é uma mera ilusão. Nada está sob controlo. Tudo nos foge pelos dedos das mãos. Nada depende apenas de nós. Neste momento, quando percebemos que já não controlamos nada, quando vemos as palavras que saem sem querermos, as coisas que fazemos sem querermos e as coisas que pensamos... nesse momento temos a escolha. Ou nos deixamos ir, aceitando que as coisas até são melhores quando não são controladas. Ou ficamos presos à ideia de controlo e ficamos. Para termos controlo total sobre nós, basta que não entreguemos a nossa vida nas mãos de ninguém, a nossa mente, o nosso coração. Enquanto for neta, filha, irmã, cunhada, tia, amiga, confidente, tenho de ter consciência que não tenho o controlo. Às vezes custa, quando vemos o nosso Mundo de pernas para o ar, tão distante daquilo que tínhamos pensado. Mas é tão melhor quando conseguimos dar o salto de fé...

Adorei este filme. Adorei mesmo. E o problema do Ian foi precisamente esse... quando perdeu o controlo, quando as coisas deixaram de depender apenas de si, não soube fechar os olhos e deixar-se ir. Não soube entregar-se à mulher que realmente amava, como não se soube entregar à música e ao sucesso. E esse foi o seu fim.

12 comentários:

Yiskay disse...

Ian não devias ter casado tão cedo, ah pois não! Também adorei este filme.... :)

Lita disse...

Texto fabuloso.
Tens razão no que dizes, a meu ver. A verdade é que usamos quase toda a nossa energia a tentar controlar a vida e a vida passa o tempo todo a tentar mostrar-nos que não controlamos nada.

O paradoxo disto é que nos momentos em que aceitamos que não controlamos e nos deixamos ir, é tão mais delicioso...

Um abraço!

Vera Angélico disse...

Eu não vi o filme. Mas é muito acertado o que dizes...

Beijos.

Ianita disse...

Yiskay: a mim pareceu-me mt estranho ter sido ele a querer casar, ter sido ele a querer ter um filho... ele escolheu a Debbie precisamente por ser um amor calmo, sereno e que ele controlava. Quando apareceu a outra, as coisas mudaram... Tadito, tão novo...

Kiss

Ianita disse...

Lita: e há quem nunca o perceba, como o Ian... que quando perdeu o controlo se matou. Uma pena.

I'm out of control :)

Kisses

Ianita disse...

Vera: sabes, às vezes tenho momentos assim de estranha lucidez :)

KIss

Rice Man disse...

Protesto! A Lita roubou-me as palavras da boca com aquele "Texto fabuloso."! :D

Acho-o muito parecido com o post "I am Sam, Sam I am" (também ele fabuloso) que fizeste há uns dias mas tem pequenos pormenores que fazem toda a diferença! :) Como o controlo ser uma ilusão... Tens toda a razão! Por isso é que achamos fascinantes aqueles filmes em que alguém planeia algo extraordinário, todo corre sobre rodas (por mais complexo que possa parecer) e no fim ainda nos surpreende com algo que nós não esperávamos mas que também tinha sido planeado! :D E o facto é que, quando 'aparentemente' as coisas correm como planeámos, nós ficamos muito contentes! Se o controlo fosse certo esse contentamento não seria assim tão grande, pois não? Há uma frase do John Lennon que gosto muito e acho apropriada a este tema... "Life is what happens to you while you're busy making other plans.". E é, não é? :) Imagino que não haja nada melhor que ir pela rua e encontrar o amor da nossa vida totalmente por acaso enquanto planeávamos outras coisas!
E para além de neta, filha, irmã, cunhada, tia, amiga e confidente, um dia também poderás ser esposa e mãe! E, a meu ver, acho que ter controlo total não compensa de maneira nenhuma perder a oportunidade de ser todas essas coisas. :)

Ianita disse...

Mr. Rice: "Life is what happens to you while you're busy making other plans.". Não saberia dizer algo de mais apropriado...

E sim. Não vou perder a oportunidade de ser essas coisas todas para ter o controlo... porque basicamente, se eu não fosse nada disso, não haveria nada para controlar.

E sim... ;)

Anita disse...

Adorei!!um dos melhores filmes que vi o ano passado!!

Ianita disse...

Anita: eu bem tentei vê-lo no ano passado, mas... nem vale a pena voltar a falar do que não chega a Leiria! :)

izzie disse...

Bem... este post faz-me lembrar uma das nossas conversas há uns dias atrás :)
Concordo contigo, sabes que sim... mas não posso deixar de dizer "filho da mãe do 'inesperado'".
E tu sabes o que quero dizer :)
Parece que o nosso prazo acabou!
Let's call it a draw?
Já eu foi-me estipulado um novo prazo, por um dos homens alimento, só não percebi para quê... agora vá, começa a fazer filmes ;)

Beijo,

Ianita disse...

Izzie: ui! Really? :)


Kisses