Não sei o que me deu para ter posto esta música num dos cds de andar no carro. Mas a cada vez que a ouço (e não são assim tantas as vezes) sinto um aperto no peito e lacrimejo. Não sei explicar a catadupa de emoções que me percorre só aos primeiros acordes. As memórias. As pessoas. Os lugares. As palavras ditas. As palavras ouvidas. O amor. O choro. A alegria. Tantas coisas ao mesmo tempo.
É a saudade. Saudade daquela "caramba que foi tão bom!". Saudade daquela "tenho de telefonar àquela pessoa com quem não falo desde Coimbra". Saudade daquela de querer que aquele pessoal estivesse comigo e que pudéssemos ir beber uns copos ao som das histórias de sempre. Todo o bom e todo o mau. Porque só faz sentido reviver Coimbra no seu todo.
Este vídeo é de uma serenata da Queima das Fitas. Fui a uma. As minhas serenatas preferidas eram as da Latada, do início de um novo ano, do recomeço. E já disse aqui uma vez que, para mim, Coimbra não tem mais encanto na hora da despedida. Coimbra sempre teve encanto. Coimbra sorri-me a cada regresso e pisca-me o olho a cada despedida. Quando as coisas são vividas intensamente não deixam saudade má, mas saudade boa. Saudade da que me faz sorrir e chorar de felicidade, pelas memórias que tive o previlégio de viver. Os segredos desta cidade, por mais que os vá contando, vão comigo para a vida. Coimbra faz parte de mim e vai estar em mim sempre. Faço questão de a partilhar precisamente por isso, porque me corre no sangue. Os segredos que partilhamos vão unir-nos sempre e para sempre, mas eu tenho saudades daquilo que eu sei que ela ainda me vai dar. Porque ela encerra ainda tantas possibilidades... :)
Sentes que um tempo acabou,
Primavera de flores adormecida.
Qualquer coisa que não volta que voou,
Que foi um rio, um ar na tua vida.
E levas em ti guardado
O choro de uma balada,
Recordações de um passado,
O bater da velha cabra.
Capas negras de saudade,
No momento da partida.
Segredos desta cidade
Levo comigo para a vida.
Sabes que o desenho do adeus
É fogo que nos queima devagar
E, no lento cerrar dos olhos teus,
Fica a esperança de um dia aqui voltar.
E levas em ti guardado
O choro de uma balada,
Recordações de um passado,
O bater da velha cabra.
Capas negras de saudade,
No momento da partida.
Segredos desta cidade
Levo comigo para a vida.
(E hoje, na véspera do 25 de Abril e já que calhou falar de Coimbra, há que calhar também lembrar o papel que esta cidade e o seu corpo estudantil tiveram na luta contra a Ditadura. Por mais na lama que o prestígio desta Universidade esteja, há que não esquecer o passado e homenagear quem merece ser homenageado e já nem falo do largo que vai ser inaugurado em Santa Comba Dão para não me dar uma indisposição logo de manhã.)
12 comentários:
Ai as saudades... infelizmente em Lx nao há essa vida académica intensa que fica gravada bem dentro de uma pessoa... felizmente ainda m curei um bocadito desse mal, ao ter estado numa Tuna (a gloriosa T.A.L. - há que defender o que é nosso!...) o que me deu para saborear um pouco da vida académica... mas, obviamente, nada que se compare a quem esteve em Coimbra ou no Porto ou semelhantes locais de forte tradição académica...
Beijoca enorme! :)
Hélio: conheço muitas pessoas que estiveram em Coimbra e que também não a viveram intensamente. Pessoas que viviam apenas as Queimas das Fitas. Pessoas que só no fim perceberam o que perderam. Pessoas que cantam que Coimbra tem mais encanto na hora da despedida. Não tem. :)
Então quando é que tem? ;)
lol...adoro coimbra e a sua magia...mas definitivamente ISCTE FOREVER...Lisboa e Lisboa!!!lol!
Hélio: quando lá se está :)
Bono: ISCTE é ISCTE. Lisboa é Lisboa, mas Coimbra também é Coimbra :)
Já falámos sobre isto. A melancolia boa de quem viveu tudo intensamente. Eu estive em Lisboa. No entanto, o facto de viver sozinha na época da faculdade permitiu que os meus tempos tresloucados fossem absolutamente aureos. Não sei se tinha "pedalada" para lá voltar. Mas não queria ter vivido de forma diferente! ;)
Lita: não interessa onde se esteve, mas o espírito com que se esteve. Muita gente esteve em Coimbra e não viveu Coimbra.
E eu também não teria vivido nada de forma diferente! :)
Beijos!
Coimbra foi boa para ti e tu foste boa para Coimbra. :) Viveram-se uma à outra e uma ligação dessas nunca desaparece! :)
Mr. Rice: É verdade... foram 5 anos. Uma ligação destas não se esquece :)
Ai saudade, saudade...já hoje estive com a minha capa na mão e a minha pasta das fitas...que saudade...:)
bjitos
p.s. - adoro simon webbe :)
Ianita, já me puseste a chorar...
Também eu tive uma latada..., não foi em Coimbra, foi na Covilhã, mas a recordação e a saudade é tal como a descreves.
Também eu adoro as serenatas de Coimbra..., tivémos lá, na Covilhã num dos 2 anos que lá estive, uma tuna masculina de Coimbra, que nos fez uma serenata inesquecível junto à residência feminina...
Que saudades...!!!
Beijinhos
São
Lilipat: eu noutro dia encontrei os restos mortais do meu traje :)
Fenix: quando as coisas são vividas com intensidade, não interessa onde se esteve... memórias boas que nos acompanham para a vida :)
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