16 de julho de 2009

Tretas

Há dias em que me sinto má pessoa. Não quer dizer que ande a bater em velhinhos ou a roubar gulodices a crianças ou a matar pessoas (só nos jogos on-line) ou a traficar drogas ou armas. Ainda assim, sinto-me má pessoa.

As pessoas olham-me e vêem optimismo. Vêem sorrisos. Vêem alegria. Vêem uma pessoa que está sempre disposta a dar o salto de fé. Sempre pronta a ajudar, pronta a estender a mão, pronta a acreditar no bom.

Não quer isto dizer que seja ingénua. Digamos antes que vivo melhor assim. Melhor com o Mundo e comigo.

Há quem diga que não quer amar mais porque já sofreu muito. Eu nunca disse tal coisa. Não quer dizer que nunca tenha sofrido... cada um sabe das suas cicatrizes. Não vale a pena fazermos uma cena como a do Mel Gibson e da Rene Russo na Arma Mortífera... não temos de comparar cicatrizes. As minhas cicatrizes não doem a mais ninguém se não a mim.

As pessoas que eu vou conhecer não têm culpa dos trastes que conheci. Os meus amigos verdadeiros não têm culpa de algumas pessoas que pensava amigas se terem revelado onças. Porque uma pessoa é má, não quer dizer que todas as pessoas são más. Se sofremos uma vez, não quer dizer que vamos sofrer sempre. Cedo ou tarde a felicidade virá. Acredito nisto.

Por que é que sou má? Porque tenho expectativas... não vou dizer que são altas demais, vou dizer que são muito altas. Não gosto quando as pessoas não estão à altura das minhas expectativas, mas, pior que isso, detesto quando eu não estou à altura das minhas expectativas.

Detesto que os meus pais tivessem chegado ontem e que duas horas depois eu já estivesse farta do meu pai.

Detesto a parte de mim que já se acomodou às circunstâncias.

Detesto a parte de mim que chora a ver o Telejornal.

Detesto a parte de mim que tem medo de tudo o que mexe.

Ao contrário do que possa transparecer, eu vejo muito bem... não tenho lentes cor-de-rosa. Vejo o Mundo como ele é. Tenho os meus pés semi-no-chão. E vejo-me também. Conheço as minhas fraquezas e não gosto delas. E batalho todos os dias para as superar. Talvez por isso aparente sempre ser tão forte... porque no fundo o que sou é fraca.

Mas o que eu penso é... deixar de acreditar nas pessoas, não será em parte deixar de acreditar em mim?

12 comentários:

Luisa disse...

Ai, ai, ai já te vi bem melhor.........que se passa? Agora tens medo do que mexe? Tens medo de mim, eu mexo. Tomara que chegue sábado. :)

Anónimo disse...

Deixar de acreditar nos outros, e deixar de acreditar nas possibilidades da vida.
Mas eu, que sofri, faço isso tantas vezes!

Ianita disse...

Luísa: eu sempre fui assim... sou é muito boa a escondê-lo... porque nunca deixo que os medos vençam!

E sim, se tu mexes, eu tenho medo, MUITO MEDO!! :)

Ianita disse...

Cris: quando sinto o medo e as cicatrizes a falarem mais alto, dou um berro e sigo em frente...

Por mais que custe... em mim nunca vou deixar de acreditar!

LP disse...

Há aquela frase de que o homem é bom, a Humanidade é que o corrompe.

Verdade ou não, também me identifico com o que disseste. As pessoas estão habituadas a olhar para nós e ver-nos com uma cara. Uma que nem sempre é a nossa.

Não é que seja falsa com as pessoas, porque não o sou, mas gosto de as fazer sentir bem, ser simpática, no fundo ser o mínimo que quero que as outras sejam para mim.

Todavia há momentos em que as pessoas parecem que se aproveitam; egoísmo e egocentrismo. Duas palavras que detesto.

Eu também acredito nas pessoas. Uma frase que me ficou da Anatomia de Grey (da Izzie e tu própria já a postaste) era algo do género: só porque as pessoas fazem coisas más, isso não quer dizer que o sejam!

Beijinhos

Ianita disse...

LP: Dizia-me uma amiga que somos como a música do Rui Veloso... todos temo um lado lunar. E não é por o não mostrarmos que ele é menos verdadeiro...

O meu lado lunar é muito escuro. Muito mesmo. As pessoas não têm ideia basicamente porque não falo disso (o que digo aqui é apenas a ponta do iceberg)... quando falo é meio a brincar e as pessoas não levam a sério...

Eu sou simpática, eu rio, eu sou optimista, eu danço, eu canto, eu pulo, eu sou feliz... porque não quero nem posso viver no meu lado lunar!

Máscaras todos temos... temos é que aprender a deixá-las cair de vez em quando :)

Beijinhos!

Mag disse...

Ianita, todos temos os nossos medos... importa é reconhecê-los, encará-los de frente, isso por si já demonstra uma coragem superior à da maioria de nós!
Tenho partes de mim que não gosto e passo o tempo em luta contra elas... algumas consigo vencer, outras penso: mas eu sou quem sou porque sou a súmula do que sou, bom e mau! Não é suposto ser assim?

Um beijo muito grande
(vens ao Algarve?)

Ianita disse...

Mag: sou muito medrosa... mas sei que sou muito corajosa... ou pelo menos tento superar-me todos os dias...

Tento...

Ianita disse...

Profeta: :)

Isandes disse...

deves ter 1 percurso kármico interessante, ó ianita. Sabes, a vida até pode ser + fácil pa kem na questiona, na problematiza, na aposta... mas o balanço final tb é necessariamente mais pobre. Td tem razão de ser. (fazia-te bem falar k 1 "guru"; se fosses destes lados, levava-te a vilva verde, à minha terapeuta) kiss kiss

Ianita disse...

~Isandes: podes recomendar na mesma... eu sinto que preciso...

Beijos e obrigada!

Isandes disse...

ok. então se vieres pó norte, passa por vila verde, aquaspa, na rua dos bombeiros, perto do hospital. ela faz de td 1 pouco, acunpuctura, reiki, cura prânica, aromaterapia. e é 1 pessoa super kerida, sábia, intuitiva. mt boa onda!