Viver a vida. Viver o momento. Aproveitar cada momento como se fosse o último. É assim que interpretamos o carpe diem. Mas antigamente não era assim. Viver em carpe diem não era cometer todas as loucuras que apeteciam só porque aquele podia ser a última oportunidade.
Ao carpe diem estava associada a noção de ataraxia. Viver o momento, mas com moderação. Com serenidade. Ou, como dizia o outro, com tranquilidade. Sem grandes loucuras. Sem ansiedades.
É um conceito complicado. Não abusar do agora. Não perder tempo com o depois. Basicamente não passava de ver a vida passar. Sem grandes amores. Sem ódios que “dão movimento demais aos olhos”.
Assim não quero. Não quero estar tranquilamente, sem enlaçar a mão. Sem amores e raivas que podem dar movimento demais aos olhos, mas que também dão sabor à vida.
Ainda assim. É difícil gerir o equilíbrio. O equilíbrio que tem de haver entre o hoje e o amanhã. É bonito dizer que o amanhã não existe. Que temos de viver o agora. Mas, se fosse sempre assim, eu hoje tinha saído de casa sem guarda-chuva, só porque não estava a chover. Ou não guardava dinheiro na conta a prazo. Seja para sair de casa, seja para uma viagem. Mas o que me faz transferir o dinheiro para outra conta não é o carpe diem. É o amanhã. É o futuro. Que, é facto, não existe, mas que vive no hoje. Na possibilidade. E que nos condiciona os movimentos.
Mas há que haver equilíbrio. Nem viver o hoje demais, para que possamos ter muitos “hoje”. Nem viver no amanhã, para que possamos aproveitar alguns dos presentes que a vida nos vai dando. Não podemos adiar viver.
É um equilíbrio difícil este. Comprar um casaco de 100€ só porque é giro e nos fica mesmo mesmo bem, ou pôr o dinheiro de parte para se ir a Paris no próximo ano? Satisfazer um desejo imediato ou esperar por um desejo maior?
Dizem que somos reflexo da sociedade em que vivemos e da forma como fomos educados. Sou filha de pessoas que sempre controlaram muito bem o dinheiro. Que pensaram no futuro dos filhos. Nos estudos dos filhos. Vivem sem empréstimos ao banco e não deixam de ser um exemplo. Ainda assim, eu não podia ser mais diferente. Não sou apegada ao dinheiro. Gosto do que ele me pode proporcionar. Gosto dos sentimentos que nos traz. Porque traz. Alegria ao ver uma criança abrir um presente. Felicidade. Partilha.
E sou como toda a gente. Gostava de ter bem mais. Sendo verdade o que o meu pai diz às vezes… que mesmo se ganhasse o euromilhões ficava sem dinheiro num instante. Não duvido. Gostava de ter mais para poder dar mais.
E sim, já tenho a lista de prendas de Natal feita. E não, não é lista do que quero receber, mas a lista do que quero oferecer. É uma lista cuidada e pensada ao pormenor. Porque gosto de mimar os meus. Porque ao mimar os meus me mimo a mim (esta frase ficou quase impronunciável!). E é claro que a lista vai sofrer alterações. Não substituições, mas “adições”. Ou seja, falta saber o que a Sara quer, para acrescentar ao que já decidi que dava. And so on :)
E sim, já há prendas compradas. Agora é conter a ansiedade até chegar o dia. Essa é a parte difícil. Fico com os presentes a arder nas mãos. Mas sorrio na antecipação.
Já disse que adoro o Natal? Adoro o Natal. E eu sei que ainda estamos em Outubro, mas já cheira a castanhas e a abafado. Daqui a pouco é dia do bolinho. E depois o Vasco faz anos e de repente é Dezembro :) o tempo passa a correr. E sim, eu sei que tenho de viver no hoje, de aproveitar o agora, mas preparar o futuro também dá um sentimento maior ao presente. Dá-lhe outro gosto. Dá-lhe outra satisfação. Felicidade até.
Pode-se ser feliz antecipando a felicidade dos outros, não pode? Eu acho que pode. (estou em pulgas para começar a distribuir!!!).
2 comentários:
De qualquer maneira, Carpe Diem!
Dylan: com moderação ;)
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