Faz-me impressão isto dos programas com crianças. Gosto de ver. Há miúdos que representam bem e fazem falta nas produções cinematográficas e televisivas. Há miúdos que sabem cantar e fazem-se programas. Tudo OK. Mas no fim... eles convencem-se ou deixam-se convencer que são os melhores e depois nem sempre são. E quando não ganham, ou não são escolhidos ou nunca mais os chamam para castings ficam tristes, choram. E isso derrete-me o coração.
Quando era mais nova pensava que eram os pais que os empurravam. Hoje penso diferente. Os pais incentivam e talvez até os convençam que são os melhores (porque provavelmente até acreditam nisso, os nossos são sempre os melhores), mas não os obrigam. Eles querem. Eles gostam. Eles sonham aquilo. Claro que os adultos know best. E deviam ter cuidados... Mas vejo a minha sobrinha que foi inscrita na natação aos 4 anos. Para aprender a nadar e para praticar desporto. Esteve também na patinagem e a minha irmã ainda lhe perguntou se ela queria ir para a música. Ela nunca quis. É estranho, mas aos 4 anos ela já sabia o que queria. Claro que não sabia o que ia fazer no futuro, mas sabia do que gostava. Andou "obrigada" na patinagem uns dois anos e depois deixou. Era da natação que ela gostava e foi lá que continuou. Nunca nenhum de nós sonhou isto para ela. Nunca nenhum de nós a empurrou para isto. Ainda me lembro do tempo em que a minha irmã lhe dizia que se ela tivesse negativas na escola que a tirava da natação.
Ainda assim, o que eu acho que falta a alguns daqueles miúdos que vejo na TV é acompanhamento psicológico. Não necessariamente profissional, mas acompanhamento. Eles nao sabem lidar bem com as emoções ainda. E quando são os príncipes e princesas das suas casas e das suas famílias, os meninos dos olhos dos pais e das mães, é-lhes difícil encaixar a rejeição dos outros. E dói-me o coração vê-los chorar. E penso mal daqueles pais que sujeitam aquelas crianças, tão novas, àquilo. Depois penso nas provas que correram mal à Sara e das vezes que a vi sair da piscina a chorar.
É difícil. Muito. Custa vê-los assim, mas também sei que se calhar é pior afastá-los daquilo que eles gostam.
Uma nota ainda para o fantástico século XXI. Com as diferenças que vivemos ainda, acho bom que no mesmo programa tivesse oportunidade de estar um rapaz sem pais e pobre e logo a seguir outro miúdo que estava a chegar de uma viagem a Nova Iorque. O que conta é o talento. Há circunstâncias difíceis, miúdos que têm de deixar de estudar por falta de dinheiro, mas cada vez são menos os casos. E não houvesse tanta fraude, tantos senhores que ganham milhares de euros por mês e declaram o ordenado mínimo e ainda têm a cara de pau de pedirem bolsas de estudo para os filhos, não fosse isso, e estaríamos ainda melhor. Já se fez muito. Mas há ainda que arregaçar as mangas. Se eu tivesse dinheiro... ui... mas com pouco podemos ajudar as instituições que apoiam crianças abandonadas e que têm de lhes sustentar os estudos. Podemos ajudar a igualar oportunidades. Custa muito ver as lágrimas de uma criança, mas custa mais saber que não podemos fazer nada por elas...
9 comentários:
Concordo contigo. Podemos sempre fazer alguma coisa, por pouco que pareça.
Quanto ao resto... tenho uma piolha de 4 anos que implorou para ir para o ballet, sem que nunca ninguém lhe tivesse falado nisso e que diz com um ar determinado "eu vou estar ali, na televisão". :)
O que fazer?
Olha, se a situação chegar, lida-se com ela, right?
Lita: é isso mesmo. Quando eles sentem isso, não há muito que se possa fazer para impedir. Há que apoiar, ajudar, amparar lágrimas e sorrisos.
Kisses :)
Gostei muito do teu post de hoje.
Bem sei que não escrevemos propriamente para agradarmos aos que lêm, mas mais para nós mesmos, para deitarmos as nossas ideias cá para fora, os nossos pensamentos, as nossas birras, alegrias, amores, desamores, preferencias, etc...
Mas gostei bastante.
:D
Spritof: é isso. Escrevo para mim. Às vezes é a escrever que descubro o que penso. Ajuda-me a reflectir.
Mas seria hipócrita se dissesse que não gosto que me leiam e que gostem do que escrevo, como é óbvio. :)
Kisses e obrigada
Já fizeram alguns filmes sobre este tema... Nos que vi os pais eram sempre os maus da fita e tentavam viver os sonhos que não conseguiram alcançar através dos filhos, 'empurrando-os' (como tu disseste) para áreas que não eram do seu interesse. Talvez isso seja verdade em alguns casos mas penso que, agora mais que nunca, esses casos são a excepção à regra. Porque antigamente era muito difícil uma criança ou um jovem ter algum protagonismo na televisão. Hoje em dia não... e os miúdos vêem isso. Vêem isso e tentam alcançá-lo. Parece tão fácil, não é? É só ir à televisão e somos automaticamente uma estrela! Esta 'facilidade' é perigosa (antigamente só depois de já serem estrelas é que eram convidados a ir à televisão) porque funciona nos dois sentidos... tanto ajuda a subir como a descer. É por isso que concordo contigo no aspecto do acompanhamento psicológico. E até pode ser profissional mas tendo os pais como intermediários!
Um dos problemas da sociedade de hoje é que a maioria das pessoas não tem consciência do quão fácil é ajudar! Hoje em dia as instituições têm toda a logística montada e o cidadão comum pode ajudar com muito pouco esforço.
Desculpa, Ianita. Acho que acabei por dizer quase a mesma coisa que tu mas 10x mais complicada. :P
(Só um pequeno reparo... Falta um 'K' no teu 'know best'. Vá! Corrige lá isso enquanto ninguém repara e depois apaga esta parte do comentário! ;) )
Homem do arroz: é isso mesmo. Os miúdos vêem e querem o que vêem. E é muito difícil dizer que não... olha o caso da Sara... é o que ela quer. Está neste nível porque os pais a deixaram ir ainda em pequena... e é difícil. Muito.
Quanto ao k.... God!! Eu já disse algumas vezes que se os meus professores da FLUC aqui viessem me tiravam o diploma... Shame on me! Se já nem português escrevo bem... :) Vou corrigir concerteza, mas o comentário fica. Não sou imune aos erros e agradeço as correcções :) Obrigada.
Beijo
Óooh páaah!
O homem do Arroz rouba-me as palavras, que maldade!
De resto só posso dizer que por tudo, este teu post me aqueceu o coração hoje... e eu tava a precisar :)
Obrigada e beijinho
Izzie: o homem do arroz é assim, um ladrão de palavras :) se quiseres, eu bato-lhe ;)
Obrigada e um beijo grande! Com abraço quentinho :)
Quentinho? Falaram em quentinho??
BUÁÁÁ....saudades do meu gato kentucky :(((
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