2 de abril de 2009

Medo

Que eu tenho medo já toda a gente sabe. Mas este medo é diferente.

Tenho um objectivo. Um objectivo daqueles grandes. Um objectivo que me acompanha pelo menos há uma década. Um objectivo que me fez abandonar alguns outros objectivos que tinha. Um objectivo que está prestes a concretizar-se. Não a curto prazo, não é para amanhã nem para o mês que vem, mas talvez no próximo ano.

A minha questão é a seguinte: e depois? Estando concretizado este objectivo, fico feliz e pronto? Pois, também acho que não é assim tão fácil e daí o meu medo. Será que o Universo vai complicar as coisas e um objectivo que me parece tão próximo me vai fugir entre os dedos outra vez? (porque não é a primeira vez que o vejo assim perto). Será que o universo me vai dificultar as coisas outra vez? E mesmo que não dificulte, mesmo que agora sim eu consiga, será que vai ser um daqueles casos em que aquilo que desejamos não é o melhor para nós? Será que daqui a dois anos vou estar triste e desiludida e dizer que afinal não era nada daquilo que eu queria?


Sei que é impossível responder. Só eu saberei, com o tempo. Agora tenho apenas de ir escolhendo os caminhos do labirinto que eu acho que me levam mais perto. E chegando lá logo me preocupo com o resto. Mas não consigo deixar de pensar no que o futuro me reservará. Apenas porque sei que as coisas não costumam ser fáceis para mim. Será que o meu objectivo se concretiza e eu fico feliz e contente e arranjo outro objectivo para me dar sabor à vida? Correndo tudo bem era assim.


A ver se isto não funciona como o toque de Midas... uma benção e uma maldição. Ou como Tântalo estarei condenada a que os frutos me fujam eternamente da mão?

28 comentários:

Hélio disse...

Pela Viagem, Linda Ianita, pela Viagem... apenas e só... ;)

Beijo!

Mag disse...

Nunca sabemos quando é que a Vida nos vai mostrar outro caminho; nunca sabemos se aquele que estamos a seguir é verdadeiramente o que desejamos e/ou se adequa a nós... mas acredito que o tempo sim, trás as respostas...
Ás vezes é preciso arriscar, acreditar... senão perde-se muita coisa!
Seja como for, amiga... que venha a ti o melhor, seja o que for!
Beijoca imensa

Brigitte disse...

E que tal pensar positivo e ir tentando concretizar esse objectivo aos bocadinhos?

BOM DIA
:)

Ianita disse...

Hélio: eu não me levanto todos os dias para vir trabalhar porque sim. Não venho dia após dia após dia "pela viagem". Venho porque tenho um objectivo e porque se não trabalhar não o consigo alcançar.

Not everything is about the journey. Not this.

Kisses

Ianita disse...

Mag: pois... nunca sabemos. Só o tempo o dirá, se é certo ou não. Mas eu não deixo de ir, mesmo tendo estas reservas. Já sei o que é esticar a mão e o fruto fugir, ainda assim não desisto de ir atrás dele. A ver...

Kisses

Paulo Lontro disse...

Parece-me que os 3 comentários anteriores disseram já muito.
Há mais uma alternativa, compra uma bola de cristal!
Mais uma, compra um cão!
Olha, ainda outra, e que tal pensares menos nas mitologias e viveres o dia-a-dia seguindo o caminho que o teu coração e consciência mandarem deixando também ao destino um pequenino grau de liberdade?

Ianita disse...

Brigitte: o bocadinho de cada vez já foi. Fui dando passos. Agora estou naquela fase que ou é ou não é. Em poucos meses saberei. Não há meios passos, ou agarro o fruto ou tenho de começar tudo de novo outra vez... This is it.

Kisses

Ianita disse...

Paulo: eu deixo. E vivo. E ando. E caminho. Sempre com o meu objectivo em mente. Nunca desisto. Mas não posso simplesmente deixar de pensar. Para mim essa opção não existe.

Cogito ergo sum :)

Kisses

(eu e o medo temos uma relação estranha. andamos sempre de mão dada, ele anda sempre comigo, mas eu vou sempre, independentemente dele)

Paulo Lontro disse...

Claro que podes continuar a pensar.
Aquilo que te sugiro é que não antecipes só o que pode acontecer de negativo (medo), antecipa também e especialmente verbaliza (ou escreve) o que de positivo vais ter depois do objectivo alcançado.
Simples, não?

Ianita disse...

Paulo: não é assim tão simples. Ainda assim, penso eu, uma forma de exorcizar os medos é falar deles e vivê-los. É o que tento fazer. Apenas isso. Não estou a dizer que vou deixar de viver porque tenho medo, não estou a dizer que tudo vai ser mau, não estou a dizer nada disso. É apenas e só uma reflexão de tudo o que pode correr bem e de tudo o que pode correr mal, tendo em conta o que me tem acontecido nestes 29 anos. Além disso, é uma forma de conter o entusiasmo, porque quanto maior é a subida...

É apenas e só uma reflexão, uma autópsia ao medo.

Kiss
(nada na vida é simples)

Brigitte disse...

Então sem medo, com muita força e muita pujança agarra o touro pelos cornos!!!!

uma beijoca
:)

Paulo Lontro disse...

“É apenas e só uma reflexão de tudo o que pode correr bem e de tudo o que pode correr mal”
Será?
Pega no texto escrito por ti e levanta o que pode correr bem.

Mag disse...

Ianita: desafio para ti no meu blog :)

Ianita disse...

Brigitte: sem medo é impossível. Mas mesmo com medo eu avanço sempre, e disso não tenhas dúvidas! :)

Beijo!

Ianita disse...

Paulo: "Agora tenho apenas de ir escolhendo os caminhos do labirinto que eu acho que me levam mais perto. E chegando lá logo me preocupo com o resto. Mas não consigo deixar de pensar no que o futuro me reservará. Apenas porque sei que as coisas não costumam ser fáceis para mim. Será que o meu objectivo se concretiza e eu fico feliz e contente e arranjo outro objectivo para me dar sabor à vida? Correndo tudo bem era assim."

Ianita disse...

Mag: já vou ver... já vou ver :)

Paulo Lontro disse...

Iani, de forma alguma penses que estou a criticar a tua maneira de ser, nem que quisesse não o saberia fazer. Estamos a trocar ideias sob formas diferentes de pensar o dia-a-dia.
Posso ainda tentar ter a audácia de pensar que uma ou outra maneira de ser pode facilitar ou potenciar a nossa felicidade diária.
É um facto, temos padrões de optimismo que estão nos antípodas, senão vê os teus exemplos de positivismo:
Agora tenho apenas de ir escolhendo os caminhos do labirinto que eu acho que me levam mais perto
– Caminhos que te levam perto ??? Nem admites que os caminhos te levem ao objectivo, porquê apenas perto? Chega-te ficar perto?
E chegando lá logo me preocupo com o resto
- Chegada, antecipação de medo (preocupação, com o resto, que resto? Tens já a certeza que haverá resto para te preocupares?).
Mas não consigo deixar de pensar no que o futuro me reservará.
– Medo!!! Pergunto, se pensares muito esperas alguma vez saber o que o futuro te reservará?
Apenas porque sei que as coisas não costumam ser fáceis para mim.
- Define fáceis!!! Comparado com quê? Comparado com quem?
Será que o meu objectivo se concretiza e eu fico feliz e contente e arranjo outro objectivo para me dar sabor à vida ?
- Medo, partes do principio que nem vais viver o prazer de lá teres chegado, assumes que não vais ter sabor à vida (porquê? Será que o teu objectivo não vai dar sabor à tua vida? Então porquê querer atingi-lo?) , outro objectivo será necessário de imediato.
Correndo tudo bem era assim.
- Correndo? Porquê o condicional? Achas já que não vai correr?

Ianita disse...

Paulo:

Eu vejo a vida como um labirinto de caminhos. Quando fazes um labirinto nas páginas de jornal tentas achar o caminho que te leve lá. É o que estou a tentar. Ainda não sei se este é o caminho, sei que é possível, mas não sei ainda.

Claro que não me chega ficar perto, mas tenho de pensar que este pode não ser o caminho. Tenho de estar pronta para aceitar isso, caso seja o caso.

Quando dizia, "chagando lá logo me preocupo com o resto" queria dizer, logo me preocupo com isso de o objectivo ser exactamente o que quero ou não. Queria dizer que não valia a pena pensar nisso agora, que chegando lá logo se vê. Logo vejo. Logo penso nisso. Era nessa perspectiva.

Fáceis, comparando comigo. Não tenho outro de comparação se não o meu. Não vou dizer que penso nos pobrezinhos em África porque ninguém de nós sabe o que isso é. Só sabemos o que vivemos.

Acho que a vida sem objectivos não faz sentido. Não me imagino estagnada, satisfeita. Pode ser defeito de fabrico, mas não imagino. Se se concretizar, acredito que me fará feliz. Mas para avançarmos precisamos da cenoura à frente. E realizando este objectivo eu pergunto-me qual será a cenoura que procurarei. Não sou pessoa de estar parada e sendo aquele O objectivo, não posso deixar de pensar se terei outro.

Uso o condicional porque não sou assim tão positiva que diga "vai correr bem". Ainda há muitos ses, ainda há muitas curvas apertadas a vencer antes da esperada chegada.

Quanto ao medo. Eu tenho medo e terei sempre. O meu medo não é nem nunca foi paralizante. O meu medo é de tudo. Tenho medo de andar na estrada, tenho medo do escuro, tenho medo de estar sozinha, tenho medo de tudo mesmo. Ainda assim avanço. Sempre. Superando os meus medos a cada passo, dia-a-dia, todos os dias. Haverá pessoas sem medo que nunca fizeram as coisas que eu fiz, mesmo cheia de medo. Surpreendo-me a cada dia, porque a cada dia dou mais um passo apesar do medo.

Dizia outro dia a um amigo que enjoo a andar de carro. Muito. Vomito-me toda literalmente. Ainda assim, não deixo de ir aos sítios. Paro o carro, vomito e sigo viagem. Eu sou assim. Os meus medos, as minhas fraquezas não me paralizam. Acompanham-me.

Kisses
(temos visões diferentes, em alguns pontos até contrárias, mas não necessariamente erradas. É como a questão da verdade que discutíamos no outro dia, os opostos não implicam que um deles seja errado. São só diferentes.)

izzie disse...

Primeiro, porque foi o primeiro, Hélio: Bom ver que finalmente acreditas e aceitas mais essa particularidade da vida (happy, happy, happy...) :)

Ianita: Sabes? Mais uma vez... o que começa a não ser assim tão estranho, me revejo nas tuas palavras. Porque já vi acontecer, porque já me aconteceu.
Embora partilhe a visão do Hélio, de que o que deve estar presente enquanto se caminha é a viagem; compreendo e partilho o teu Medo.
Foco-me na "viagem" por diferentes motivos e motivações... mas o meu lado "cordelinho" também sabe concordar quando dizes que ela não é tudo.
Mas sabes o que te digo? Respira fundo e tenta ver "the bigger picture". Ajuda :)

Beijo,

Ianita disse...

Izzie: claro que faço isso. Tento olhar em redor. Ver as coisas que este caminho me deu. Consigo olhar e ver o que tenho. Mas não consigo deixar de olhar em frente. Porque, digo-te, não fosse o objectivo aquele e eu nunca estaria neste caminho...

A ver... :)

Kisses

Li disse...

Sei muito bem o que isso é...por isso eu vou traçando os objectivos mas sem criar grandes expectativas porque sei que depois vou desiludir-me. E agora, com este sentimento mundial de instabilidade, vou tentando viver um dia de cada vez para não dar nenhum passo maior que a perna.

:)

bjs

P.S. - Espero que o teu objectivo seja concretizado e seja exactamente como desejas...:)

Ianita disse...

Lilipat: lá está. É isso. Está perto, mas não é nada que uma ventania da crise não me desvie do caminho... ainda assim, persisto. :)

Hei-de conseguir.

Kisses

Vera Angélico disse...

Acho importante ir transformando os sonhos em objectivos. Ir vivendo os sonhos.

No fim dessa concretização que queres tanto (e o universo não há-de conspirar contra ti), outros sonhos se segirão. Muitos outros...

Beijos.

Isandes disse...

(bem, ganda testamentos... como na li, se calhar vo repetir...)
quando lá chegares, arranjas outros, como todas as pessoas lutadoras, ambiciosas e inteligentes fazem. ou então, tás sugadita, à espera. também faz nem esperar; "põe-nos no sítio"...

Rice Man disse...

O teu medo é perfeitamente legitimo. Aliás, tu sabes isso. Disseste-mo de forma indirecta num comentário no outro dia. Mas há que ter cuidado com o tipo de medo relacionado com objectivos. Talvez também já saibas isto mas... há pessoas que sabotam propositadamente os seus sonhos/objectivos. No momento em que estão prestes a alcançá-los desistem, congelam, inventam desculpas para não dar o passo final... porque têm medo. Esse medo que descreveste de não existir mais nada depois de realizarem o seu sonho. Então fingem que não conseguiram para continuarem a tentar e a ter um objectivo, para as suas vidas terem sentido. Isto é a maneira errada (a meu ver) de encarar a vida e os objectivos. A vida está constantemente a bombardear-nos com coisas novas todos os dias e não é a natureza do ser humano ficar parado! No fim de um objectivo está outro objectivo e será sempre diferente! E mesmo que não se atinja um objectivo pelo menos aprende-se alguma coisa a tentar! Conquista o teu sonho, Ianita! E o a seguir a esse! Raios, faz um colar de sonhos/objectivos! No fim terás um igualzinho de medos conquistados! ;)

Ianita disse...

Vera: qualquer coisa como "I'm living the dream", né? Eu quero! :)

Kisses

Ianita disse...

Isandes: é um grande conselho esse! Vou pô-los no sítio, disso não tenhas dúvidas!

Kisses

Ianita disse...

Homem do arroz: entendo isso. Entendo que haja quem se deixe vencer pelo medo de não ter nada por que sonhar, nada por que ansear.

Eu nunca fui assim. Sempre tive medo. Desde que me lembro. A maioria das pessoas não o sabe. Porquê? Porque nunca o demonstrei. Porque sempre avancei, independentemente de o meu coração estar a pular cá dentro, independentemente de eu não querer mesmo, de ter um medo de morte, nunca deixei que o medo me paralizasse-.

Já andei no escorrega mais alto do Parque Aquático, como se não tivesse medo nenhum. Já fui sozinha para a Amadora, quando nem sabia se a Amadora era na margem norte ou sul (confundia Amadora e Almada.... shame on me). Trabalho novo, casa nova, zero família e zero amigos. Detesto conduzir e conduzi uma carrinha cheia de miúdos pelas ruas da Amadora sempre que o motorista faltava. Queria ganhar dinheiro nas férias e fui pro Algarve sozinha. Carreguei o carro e fui, por dois meses.

Quem só me conheça das coisas que fiz, admito que ache que não sou uma pessoa medrosa. Mas sou, muito mesmo. Mas avanço ainda assim. Avanço sempre. Os recuos são apenas estratégicos. Como o recuo no sonho de dar aulas. Recuei para poder perseguir um sonho maior: o da independência.

Com isto dos blogs, vejo que há muitas pessoas com medo. Medos muitas vezes paralizantes. O que quero dizer é que não tem mal nenhum sentir medo. O medo é normal. Só não tem medo quem não tem nada a perder. E eu tenho. Muito. Quanto mais não seja a minha sanidade e a minha vida. O medo é normal, e coragem não é não ter medo, mas tê-lo e viver apesar dele. Eu tenho muito medo e acho que sou muito corajosa.

Quanto a isto... a ver vamos se se realiza. I'm walking the path :)

Kisses