4 de agosto de 2009

Elegia para um americano

Um romance sobre pais e filhos, sobre a capacidade de ouvir e a opção de ignorar; a dor inerente ao acto de falar mas também ao silêncio; as ambiguidades da memória, a solidão, a doença e a redescoberta. No seu estilo delicado e comovente, Siri Hustvedt revela as mágoas secretas de uma família através de um extraordinário mosaico de segredos e história que reflectem a fragmentada natureza da identidade.

Assim diz a autora no fim dos agradecimentos:

"A minha maior dívida, no entanto, vai para o meu pai, Lloyd Hustvedt, que morreu a 2 de Fevereiro de 2003. Perto do fim da vida, perguntei-lhe se podia usar, no romance que estava a começar a escrever então, partes das memórias que ele tinha escrito para a família e para os amigos. Ele deu-me a sua autorização. As passagens atribuídas neste livro a Lars Davidsen são partes do texto do meu pai, com apenas umas pequenas alterações de pormenor e de nomes. Neste sentido, depois da sua morte, o meu pai tornou-se meu colaborador. A história do meu tio-avô David também é verdadeira e o artigo de jornal sobre «Dave, o Homem dos Lápis» está citado textualmente. À parte destes empréstimos directos, misturei, no resto do romance e com toda a liberdade, histórias verdadeiras e imaginárias."


Vi a entrevista que Siri Hustvedt deu no Bairro Alto e fiquei com muita vontade de ler o seu "Elegia para um americano".

Encomendei o livro pela Internet e fui buscá-lo à Bertrand em Leiria. Já tinha lido umas páginas, mas não lhe tinha pegado a sério antes das férias. O facto de não ter televisão ajudou. Li o livro todo em 4 dias.

Não sou muito de autores. Claro que gosto do Pessoa e do Gabo. Mas, tirando estas duas excepções, gosto de livros e não de autores. E, pela minha experiência de leituras e de leitora, dou por mim a gostar mais de autores sul-americanos. Os autores de língua inglesa aborrecem-me. Isto para dizer que, embora me apetecesse muito ler o livro, por outro lado sentia receio de não gostar.

Foi o contrário. Adorei. Um livro que não está dividido em capítulos. Histórias que não têm nada que ver com nada que se vão misturando até que unem na mesma coisa. Histórias envolventes. Histórias de pessoas. Histórias da mente. Histórias do coração. Histórias de amizade. Histórias de família. Histórias do eu que se vai encontrando através dos outros.

As pessoas vivem enquanto são lembradas. E este é um livro para ser lembrado. Terminei de o ler na 5ªfeira, mas só hoje me sinto capaz de escrever acerca dele.

Um livro de emoções. Intenso. Bem escrito. Marcante.


"Está a sorrir para mim e usa novamente a palavra reencarnação. «Não depois da morte, mas aqui, enquanto ainda estamos vivos.» Estende-me a mão e eu seguro nela. Diz: «Vou ter saudades suas.»
- Eu também vou ter saudades suas."

5 comentários:

Anónimo disse...

Sei bem o que é sentir um livro.
Viver um livro.

Essas emoções que não se conseguem explicar. A saudade quando se acaba de ler.

Eu sei...

Rice Man disse...

Gosto muito de ver quando algo de bom acontece a alguém e esse algo é tão bom para esse alguém que tem/quer partilhá-lo com o resto do mundo. :)

Ianita disse...

Cris: dos poucos que tenho a certeza que vou reler :)

Rice Man: gosto quando um livro me faz sentir assim...

Rony disse...

Não haver tv teve as suas vantagens ;)

Ianita disse...

Verónica: há males que vêm para bem :D