Dido e Eneias são par estereótipo (aprendi esta palavra no outro dia e agora não a largo). Um exemplo de como o amor-paixão pode destruir vidas. Um exemplo de como o dever e o Bem de todos tem de estar acima do egoísmo e do bem pessoal. Os romanos, como os gregos antes deles, gostavam de exemplos assim. Porque as pessoas não viviam para si, viviam para a cidade.
Eneias amava Dido. Amava Dido e teve de a deixar ferida de morte, ferida de amor. Deixou-a para fundar a cidade que viria a ser a sede de um Império. Ela ficou... abandonada... ferida... magoada... e arruinou-se e aos seus, matando-se.
A culpa é do Eneias? Talvez. Eu vejo Eneias como o homem sem vontade. O homem que faz o que lhe dizem... não pode morrer a lutar por Tróia. Perde a pátria, perde o pai e perde Dido. É um homem com um destino maior que ele. Olhando para o mapa percebo que se fosse nos tempos de hoje eles poderiam ter mantido uma relação à distância. Naquele tempo, a partida de Eneias era um adeus para sempre... um adeus cobarde ou corajoso? Não será corajoso quem deixa um amor em prol do bem maior? Ou é corajoso quem enfrenta e vive o amor? Não sei.
Sei que esta história de amor, tipicamente clássica por ser tão trágica, influenciou artistas e escritores ao longo dos tempos.
Esta composição, do século XVII, aparece no início de uma obra-prima do cinema, o "Fala com ela" do Pedro Almodôvar. Coreografada e dançada por Pina Bausch. Este excerto é de uma beleza extrema... todo este filme... ter este Dido e Eneias como peça de abertura já nos deveria alertar para o que se ia passar... mas por mais preparados que estejamos, Almodôvar surpreende sempre. Um filme de mulheres, como são todos. Um filme de sofrimentos, um filme de sentimentos. Fica a música, fica Pina Bausch.
Eneias amava Dido. Amava Dido e teve de a deixar ferida de morte, ferida de amor. Deixou-a para fundar a cidade que viria a ser a sede de um Império. Ela ficou... abandonada... ferida... magoada... e arruinou-se e aos seus, matando-se.
A culpa é do Eneias? Talvez. Eu vejo Eneias como o homem sem vontade. O homem que faz o que lhe dizem... não pode morrer a lutar por Tróia. Perde a pátria, perde o pai e perde Dido. É um homem com um destino maior que ele. Olhando para o mapa percebo que se fosse nos tempos de hoje eles poderiam ter mantido uma relação à distância. Naquele tempo, a partida de Eneias era um adeus para sempre... um adeus cobarde ou corajoso? Não será corajoso quem deixa um amor em prol do bem maior? Ou é corajoso quem enfrenta e vive o amor? Não sei.
Sei que esta história de amor, tipicamente clássica por ser tão trágica, influenciou artistas e escritores ao longo dos tempos.
Esta composição, do século XVII, aparece no início de uma obra-prima do cinema, o "Fala com ela" do Pedro Almodôvar. Coreografada e dançada por Pina Bausch. Este excerto é de uma beleza extrema... todo este filme... ter este Dido e Eneias como peça de abertura já nos deveria alertar para o que se ia passar... mas por mais preparados que estejamos, Almodôvar surpreende sempre. Um filme de mulheres, como são todos. Um filme de sofrimentos, um filme de sentimentos. Fica a música, fica Pina Bausch.
12 comentários:
Mais uma grande perda...
bjs
Lilipat: nem mais!
Kisses
Excelente o teu texto.
Que fim de mês... 3 mortes de 3 artistas.
(estereótipos, tanto haveria a falar sobre esta palavra, mas não há tempo!
O Porto está cheio deles...
lol...lol...)
Paulo: espera para conheceres os de Leiria :)
Os teus conhecimentos de História (especialmente das grandes histórias de amor) impressionam-me sempre. :)
Não vi o filme nem posso dizer que conheço o trabalho desta senhora... mas gosto muito de ouvir este tipo de música e reconheço que a coreografia lhe acrescenta algo de positivo.
Mr Rice: Li a Eneida umas 5 vezes... estudei-a na faculdade, traduzi excertos... fiz um trabalho de mestrado precisamente sobre a falta de vontade própria do Eneias... ainda fiz outro sobre Inês de Castro e tive de voltar a Dido...
Eu sou como todas as pessoas, vou sabendo daquilo que estudei e pouco mais.
A Pina só conheci através deste filme. Gosto muito do Almodovar, mas este filme é o meu preferido.
Bom...como dizer isto...Dido, só conhecia a cantora...Pina Bausch, admirava sem própriamente gostar...Almodovar...amo visceralmente!
Mais um filme magnífico de Almodôvar, muito forte.
Mais uma perda...
Sayuri: a primeira Dido foi protagonista de uma trágica história de amor...
O que eu gosto é desta harmonia, desta junção... este Dido e Eneias, dançado pela Pina num filme do Almodovar... não consigo pensar de simbiose mais perfeita!
Mag: este é mesmo um grande filme. Levei-o ontem para a minha sobrinha ver... está na idade de começar a ver cinema de jeito... a ver se não a traumatizo para a vida. :D
Uma grande perda, sim....
Kisses
Hummm... andas a despertar-me os sentidos para o Pedro Almodovar... tenho que ir ver uns filmes!!!
O mundo anda cheio de estereótipos. É o que é. Já não se fazem mundos como dantes...
Vera: vamos ver o que diz a minha Sara... :)
É que já não se fazem mesmo mundos como dantes... ainda bem?
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