22 de agosto de 2009

A trilogia de Nova Iorque


"Publicada originalmente em três partes, esta obra representaria o reconhecimento de Auster como um dos melhores narradores norte-americanos de todos os tempos. Em Cidade de Vidro, uma chamada telefónica enreda um escritor numa complexa trama de loucura e redenção. Fantasmas conta as andanças de um detective envolvido no caso mais estranho da sua carreira. E O Quarto Fechado narra o encontro de um romancista com os seus próprios demónios, originado pelo desaparecimento de um amigo de infância. O acaso, a natureza da vontade e o suspense encontram-se nestes três desconcertantes relatos, que exploram a mistura de ensaio e ficção, a reflexão sobre o processo criador e o enigmático jogo de espelhos com a realidade." (na contra-capa de A trilogia de Nova Iorque, de Paul Auster)


Desconcertante é a palavra correcta. As duas primeiras histórias são muito semelhantes. Focam-se ambas no eu, no que nos motiva a fazer determinada coisa, no que nos testa os limites, fala dos próprios limites. A terceira história é diferente. É ainda mais pessoal. Ainda mais desconcertante.

Nas três sentimos sempre que o autor/narrador/personagem está a brincar com os limites da realidade, com os limites da loucura. Dei por mim muitas vezes a ter de parar, reler, pensar mais e melhor no que estava a ler. Pensar em mim e nos meus limites.

Não foi à toa que falei em autor/narrador/personagem. Há uma linha demasiado ténue a separar cada um deles. Aliás, Auster aparece como personagem na primeira história, assim como a mulher Siri e o filho. Paul Auster é claramente um escritor pós-modernista, a brincar não só com os limites da realidade, mas também com os limites da própria escrita. Testando o leitor. Interpelando o leitor.

Gostei muito, embora o pós-modernismo não seja, de todo, o meu movimento preferido. Gosto de acreditar no que leio, de entrar na leitura, e estes senhores gostam de quebrar a ilusão de realidade, de verdade que rodeia o livro, e dirigem-se directamente ao leitor, falando do processo de escrita do livro. Ainda assim, este livro fez-me pensar, fez-me questionar muito do que tenho como adquirido... faz-me perceber que é ténue a fronteira entre racionalidade e loucura, entre realidade e sonho.

Uma escrita intensa, penetrante, desconcertante. Um livro sobre Nova Iorque na sua essência. Um livro sobre as pessoas de Nova Iorque. Um livro sobre cada um de nós. Um livro que recomendo.

4 comentários:

bono_poetry disse...

Beijo e obrigada pelas palavras!
ainda nao li !vou ver se alguem tem...

Ianita disse...

Bono: se me mandares a tua morada, empresto-to :)

Kisses

Isandes disse...

já li, gostei. mas auster de vez em quando; é como dizes, po´s modernismo cansa: ausêmcia de verdades absolutas, o fantástico, a dúvida.. *

Ianita disse...

Isandes: é isso mesmo. Não é a minha onda, mas uma vez de vez em quando até gosto :)