7 de fevereiro de 2011

96

Tenho andado entretida a fazer um álbum digital dos meus 30 anos de vida. Fiz um para os 18 anos da Sara e o resultado foi tão bom que resolvi fazer para mim. Dá trabalho. Digitalizar fotos antigas. Formatar fotos. Escolher enquadramentos, fundos, alinhamentos... escolher as melhores fotos para o álbum não exceder o limite de 96 páginas. Eu sei que parecem muitas, mas os meus anos também são muitos. Aliás, as minhas experiências boas e dignas de registo para a posteridade é que são, felizmente, muitas.

Está quase concluído. Faltam ainda umas fotos antigas. E os últimos retoques. E reparei, assim sem querer, que em todas as 96 páginas não tenho nem uma foto do trabalho ou com pessoas do trabalho. Excepto, obviamente, o ano de Cantanhede.

E eu, que tenho de tirar segundos sentidos de tudo, entendo que isto quer dizer que o trabalho só é importante porque paga as contas. Não é do trabalho que me lembro quando penso na minha vida. Por isso, tenho de aprender a não lhe dar tanta importância. A não me chatear tanto. A deixá-lo lá onde ele está e a não o trazer para casa. Porque há 96 páginas cheias de coisas que são muito mais importantes e que merecem mais a minha atenção.

Além disto do trabalho, reparei também que há pessoas que já foram muito importantes para mim e que não aparecem nem em uma foto. Não é rancor. Nem uma escolha propositada. Simplesmente são pessoas que eu achei que eram importantes, mas que não eram. Porque não aparecem nos meus momentos felizes. Muito menos nos tristes. Por isso, é quase como se não aparecessem na minha vida.

São só 96 páginas. Mas sou eu. São pedacinhos de mim. E sinto que a minha vida está ali. E não sinto nenhuma falta de quem não está.










1 comentário:

Isandes disse...

em visto essa das fotos do trabalho...