30 de outubro de 2010

Da tradição

Independentemente de tudo, a minha infância foi muito feliz. E digo "independentemente de tudo" porque o psiquiatra ficou surpreendido quando lhe disse que sim, que tinha tido uma infância feliz.

Lembro-me muitas vezes... das férias no Algarve... das tardes de brincadeira com o meu irmão... de ler os livros da minha irmã às escondidas... de brincar com os serviços de jantar em miniatura... de ir para a escola... das férias com a avó Nazaré... de quando fazíamos o doce... as merendeiras... as filhós... o pacote de bolacha maria que lavávamos à bisavó Ceciliana...

Hoje a minha casa cheira a memórias. Fiz merendeiras com a minha mãe. Só as duas. E a casa ficou com este cheiro fantástico. Cheiro a infância.

Claro que a minha avó faz falta... mas durante muito tempo a minha mãe não fazia estas coisas porque era a minha avó quem fazia. Agora ela não está cá. E eu quero fazer perdurar estas memórias... estas receita de família... estes momentos de partilha.

Há um tempo, fizemos o doce de pera da avó Nazaré. Hoje foram merendeiras. Havia uma receita de uma vizinha, mas modificámo-la. Passou a ser a nossa receita. A receita que um dia farei com os meus filhos. Para lhes encher o futuro de cheiro de felicidade.

E este Natal vou eu fazer filhós pela primeira vez. E comê-las ainda quentes... como quando ainda era criança.

O presente é feito de futuro, mas também é feito de passado. E há coisas que podemos e devemos levar connosco para o futuro... como diz o Campos, levar o passado guardado no bolso.

Vou guardar estes momentos no bolso da memória. E dar-lhes nova vida, a cada ano que passa.

10 comentários:

Gata Verde disse...

...lindo!

Aisha disse...

dia 4 começo eu...
psiquiatria pela primeira vez,depois da psicologia...
Que porcaria os estados depressivos da "tiroide"...;)

Ianita disse...

Gata: ... e saboroso :)

Aisha: por acaso até lido bem com as flutuações de humor da "tiróide"... o que me levou ao psiquiatra e depois à psicologia clínica foi algo que eu tenho desde sempre, de que ninguém sequer desconfiava porque eu controlava, e que vim a saber ser um distúrbio obsessivo compulsivo. Com medicação e psico-terapia estou bem. Importante é percebermos que precisamos de ajuda, o resto vai com o tempo :)
Se me permites, não te conheço e não sei da tua história "tiroidal", mas no hospital as consultas de psiquiatria custam-te a taxa moderadora (4,5€) e a psico-terapia custa zero!
Beijinhos e as melhoras

Sofia disse...

Adorei o post! Tão lindo... Um dia ensinas-me a fazer merendeiras?
BJ

TM disse...

Que recordações tão doces....

E que saudades que me fazem sentir do pão quentinho que a minha avó fazia.... Ai...

Ianita disse...

Sofia: siiiimmm!! :) No próximo ano arrasto a minha sobrinha :)

TM: e por que não fazer viver essas memórias?

Aisha disse...

Conheces sim ;)
e vou ao hospital tb,precisamente por algo que sempre controlei e agora me deu "nas trombas"e por já nao conseguir controlar.
bjs

Ianita disse...

Aisha: és a hiper? :)

Aisha disse...

yap :)

Ianita disse...

Aisha: camuflada, hein? Beijos!